Tá vendo aquela garota, de roupa colada e cabelo solto, com um copo de bebida na mão ali no meio da pista de dança? Eu a conheço. Eu a conheço muito bem, venho a esta balada todos os sábados e tenho a honra de me encontrar com ela. Nunca papeamos mas sempre a admiro de longe. Ela nunca está sozinha, sempre trás consigo uma amiga. Ela nunca chega a pé, sempre nos melhores carros. E ao passar do lado dela, sempre sinto um aroma agradável, e a cada vez esse aroma se torna mais forte e gostoso, como se ela colecionasse os melhores perfumes da cidade. Mas aquela garota dançando loucamente não me engana. Eu sei oque se passa dentro dela, eu sei o sorriso que ela tem não é a vida que ela leva. E que mesmo sorrindo por aí, ela sabe a falta que ele faz. Ele. Aquela garota sofre tanto a ponto de se ajoelhar no chão e pedir
forças pra Deus. E ele deve enviar, porque ela sempre se levanta, compra as melhores roupas, deixa o cabelo impecável e vem para cá. Ela anda por aí com o coração partido, assim como seu cabelo partido de lado.
Sofre por dentro, chora em silêncio. Grita socorro. Se sufoca. Se sente. Se toca. Ela ama, e sofre.
Ela tem seus motivos. E eu os posso contar, são muitos. Tem muitos motivos para chorar, mas prefere
os que a fazem sorrir. Gosta de um carinha idiota, que só sabe brincar com ela. Talvez ele também se interesse por ela, mas não é o bastante. Não para ela. Posso te contar os motivos. Mas não agora. Pretendo continuar sentado aqui, nessa mesa afastada da pista, admirando-a de longe. Ela é forte, sofre mas é guerreira.
E, tenha certeza de uma coisa meu amigo, se ela pegar mais um copo dessa bebida que desce rasgando a garganta e te faz esqueçer de tudo, se ela continuar dançando e jogar o cabelo pro lado,
as coisas nunca estivera tão ruins para ela.
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