06/11/2014

2014, só mais uma folha de papel

Todo ano é como uma folha de papel em branco.


A ideia é que a gente não só desenhe nela como escreva, dobre, rasgue, recorte, faça origamis com ela. Ela tá lá pra isso. O relógio aproxima-se da meia-noite no dia 31 de dezembro do ano anterior como um sopro no seu ouvido dizendo que você pode –e deve- fazer com o ano que tá chegando o que bem entender. Tudo é absolutamente moldável nele, e é aí que tá a beleza de tudo. A beleza acaba quando nos damos o direito de intervir na folha de papel dos outros.

Faça um experimento simples: pegue a folha de papel mais próxima e traga-a até você. Verá que apenas com o simples movimento de pegá-la da mesa (ou sei lá) você já deixou uma marca, provavelmente do seu polegar, que com o calor humano fez com a folha fizesse uma pequena marquinha no lugar onde foi encostada.

Isso significa que com o simples toque podemos deixar uma marca na folha de papel dos outros. E não importa o quanto as pessoas escrevam em cima, não importa o quanto a pessoa dobre a própria folha, sempre vai ter aquela marca de quem segurou, de quem trocou de lugar. Até mesmo de quem resolveu não fazer nada disso e só desenhar um coração com canetinha vermelha. Tudo isso pra dizer que o que você faz, fica. O que você diz, fica. Sempre que você encosta em alguém, para o bem ou para o mal, nenhum dos dois esquece essa marca.

2014 tem sido um ano à flor da pele, tem sido uma montanha-russa, tem sido um Move lotado na estação Santos Dumont que amassou minha folha de papel repetidas vezes. Tem sido um conhece ( e principalmente desconhece) de pessoas o tempo todo. Tem sido um lanche de rua sozinha substituindo refeições importante em família. Tem sido sensações jamais sentidas por mim antes. Momentos nunca acontecidos.  Por mais que eu tivesse tentado desenhar coisinhas fofinhas nela, acabou que não adiantou muito e eu tenho que aceitar que vou terminar o ano com a folha amassada mesmo, esperando a minha folha nova pra testar novos materiais. Apesar de tudo, também há marcas boas, incríveis e inesquecíveis nelas.

Pode ser bem difícil aceitar também que você às vezes tem que emprestar sua folha pra alguém, que você tem que se doar e aceitar que as pessoas deixem marcas nela. Marcas que talvez você não consiga tirar sozinha e precise que outra pessoa doe-se pra você.

Esses têm sido os últimos meses mais conturbados em muito tempo, e uma prova disso são os recentes acontecimentos onde as pessoas disseram coisas que talvez não tivessem a intenção de ter dito ou simplesmente disseram coisas que queriam ter dito há muito tempo –sendo elas boas ou ruins. Talvez ainda não seja tarde em 2014 pra pensar um pouco melhor na hora de falar com alguém, na hora de deixar sua marca. Escolha suas melhores canetinhas e treine seus melhores origamis. O mundo merece, e você também.

Me considero pronta pra minha nova folha de 2015. E tenho muitos planos, sonhos e cores diferentes de canetas pra risca-la. 
Afinal, todo começo de ano é uma folha de papel em branco.
E todo fim de ano, uma nova folha que está pra chegar ...





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